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Tiago Oom, Head of Merchant Acquiring da UNICRE, falou ao Digital Inside, sobre o papel da empresa, as tendências que estão a moldar o futuro do comércio, e como os dados e a inteligência artificial estão a transformar radicalmente a experiência de consumidores e comerciantes.
O setor dos pagamentos está em plena transformação, com o digital a dominar a inovação, a regulamentação a apertar, e os consumidores cada vez mais exigentes na sua jornada de compra. No centro deste ecossistema, a UNICRE quer ser mais do que um facilitador: quer ser um parceiro estratégico da digitalização dos negócios.
A UNICRE tem mais de 50 anos e foi pioneira em Portugal tanto na emissão de cartões como na aceitação de pagamentos. Hoje, o nosso papel é acompanhar — e muitas vezes antecipar — a evolução do ecossistema. Desde a pandemia, o digital explodiu e os pagamentos acompanharam essa revolução. O nosso foco tem sido desenvolver soluções que tornem os pagamentos mais fáceis, rápidos e seguros. Já não faz sentido falar de mundos “físico” e “digital” — está tudo interligado. Um pagamento com Apple Pay pode começar num link e terminar num terminal. O futuro é um mundo único de pagamentos integrados.
O PIX é um excelente exemplo. Com a quantidade de cidadãos brasileiros em Portugal e turistas que nos visitam, fazia todo o sentido aceitar esse método. Fizemos a integração com um banco brasileiro e conseguimos lançar a solução em seis meses — algo impensável há poucos anos. Isto é possível graças à evolução tecnológica e à forma como trabalhamos com APIs abertas e integrações rápidas. A velocidade hoje é tudo.
A nossa cultura é muito voltada para a inovação. Todos os colaboradores têm a responsabilidade de acompanhar o mercado. E temos uma relação muito próxima com os grandes schemes internacionais — Visa e Mastercard — que nos desafiam constantemente. Só no mercado dos pagamentos internacionais, temos cerca de 60% de quota em Portugal, o que nos dá uma enorme responsabilidade, mas também acesso privilegiado à inovação.
Já não. Hoje, os pagamentos digitais têm custos altamente competitivos. Uma taxa média de aceitação de 1,6% a 1,7% é, na maioria dos casos, mais barata do que gerir dinheiro físico, com todos os riscos e custos operacionais que isso envolve. Ainda há muita literacia financeira por fazer, mas estamos a investir fortemente nisso.
Lançámos o Parcelajá, o nosso modelo BNPL, que permite aos consumidores dividir pagamentos entre duas a seis prestações — e começámos pelo canal físico, o que é raro. Através do terminal, o cliente escolhe se quer pagar na totalidade ou em várias vezes. Claro que também o temos integrado no digital, através da nossa gateway de pagamentos, onde estão todos os métodos — desde MB Way, Google Pay, Apple Pay, até ao PIX. Trabalhámos com scoring automático e integração com bases de dados públicas (como a AMA e o Banco de Portugal) para aprovar ou rejeitar em 20 milésimas de segundo. É rápido, seguro, e ajuda os comerciantes a vender mais — e com maior valor médio por transação.
Acredito, claramente. O dinheiro vai desaparecendo, impulsionado pela segurança, conveniência e integração dos meios digitais. Os pagamentos estão cada vez mais embutidos na jornada de compra — desde a gestão de stocks até à fidelização de clientes. Há um caso pessoal: a minha filha viveu quatro anos fora, em três países diferentes. Nunca tocou numa moeda local. Fez tudo com o cartão. Esta é a nova geração.
Já usamos IA há anos, especialmente para combate à fraude e modelos de scoring. Agora, estamos a investir em automatizar e aplicar inteligência sobre os dados dos nossos clientes, nomeadamente comerciantes. Criámos uma área de analytics e estamos a transformá-la numa ferramenta preditiva.
Dou-lhe um exemplo real: um hotel no Algarve tinha muitas reservas canceladas a meio da estadia. Estudámos os dados e percebemos que os clientes iam para outro hotel semelhante, mas com… micro-ondas nos quartos. Era isso. Uma questão aparentemente banal, mas que só os dados conseguiram revelar. É este o poder da informação bem trabalhada, cumprindo todos os preceitos e compliance regulamentares.
Sim. Para nós, será mais um esquema de aceitação — como o Visa ou o Mastercard. Ainda há muitas dúvidas operacionais, mas estamos a acompanhar de perto. Como aceitação, o nosso papel é integrar todos os meios que os comerciantes queiram usar. O Euro Digital será mais um.
Sem dúvida. O e-commerce já não tem fronteiras. As plataformas tipo Shopify permitem ter uma loja em várias línguas, com meios de pagamento adaptados a cada mercado. E com a logística cada vez mais eficiente, tudo se tornou possível. Nós fornecemos as soluções de pagamento — o resto, do marketing à logística, pode ser automatizado. O maior obstáculo hoje é a regulamentação fiscal e legal, não a tecnologia.
Porque é o evento de referência do digital em Portugal. Temos orgulho em estar presentes todos os anos — não só como patrocinadores, mas como participantes ativos. É um espaço de partilha, debate e networking de enorme qualidade. Para nós, que vivemos e respiramos digital, é um ponto de passagem obrigatório.